Por Flávia Pezzini e Ricardo Braga-Neto

Veja o vídeo ‘Pedalando por aí: Tour para o Pacífico’

A Costa Rica, localizada em uma das zonas mais estreitas da América Central, apresenta um conjunto central de montanhas cheio de vulcões, ativos e inativos, cercado por planícies costeiras ao longo do Caribe e do Pacífico. É um país que conta com maior superfície marítima que continental, tem 25% do território protegido por reservas e uma das maiores diversidades de flora, fauna e fungos da América Central. Nome melhor para esse país não poderia existir! É um país de pessoas agradáveis, simpáticas – especialmente com brasileiros! – e bem esportistas. Dizem por aí que é um dos países com mais ciclistas per capita do mundo.

Esse foi o incrível cenário de uma viagem de bicicleta entre Santa Marta até Porto Quepos, no litoral central do Pacífico. O tour foi organizado por David Gómez, que tem uma empresa de turismo especializada em viagens de bicicleta, a Costa Rica on a Bike. Lugar melhor para pedalar não poderia existir. Saímos para o pedal a 2.450 metros de altitude, depois de um café da manhã reforçado em um restaurante tipicamente tico, o Chespiritos, com direito a tortilhas e quesadilhas e um delicioso suco de Cas (Psidium friedrichsthalianum), uma goiabinha costa-riquenha azeda que lembra muito um araça-boi.

Ponto de partida para o pedal, a 2.450 m de altitude

Passando por uma floresta bem semelhante às matas da Serra do Mar na Mata Atlântica, com direito a muitas epífitas e muita névoa, começamos a descida de cerca de 45 km por uma estrada de terra pouco usada, em direção ao mar. Carro por ali só alguns poucos quatro-por-quatro, como Land Cruisers bem antigos, o que reforçava ainda mais a agradável aventura. A estrada, cheia de curvas e pedras soltas, exigia algum nível de experiência e de técnica, mas nada que um pouco de cautela e umas duas derrapadas não resolvessem. Difícil era prestar atenção ao que vinha à frente com uma paisagem tão incrível ao redor.

A forte neblina na descida da serra deixou o percurso ainda mais misterioso

O caminho foi bastante inclinado em alguns trechos, mas o terreno pouco escorregadio favorecia um pedal agradável, cheio de surpresas, como tucanos passando sobre nossas cabeças e muitos outros pássaros que enchiam o ar misterioso com melodias incríveis. Descemos por cerca de duas horas os 30 km até o pueblo de Santa Juana, onde paramos um pouco para descansar os dedos doídos, já que a descida exigia um pouco de esforço ao apertar os freios.

Dona Hilda, uma costa-riquenha simpaticíssima que mora onde não mora ninguém

Depois de renovar as energias, comendo Tártaras – um doce típico feito de coco – subimos nas bikes para encarar mais 15 km de um trecho de descida até a chegada do Rio Paquita, já na planície. Nesse ponto, a mudança de temperatura e a densidade do ar ficaram evidentes, mais quente e pesado conforme descíamos a serra.

Atravessando o Rio Paquita, já na planície em direção ao Pacífico

Depois de atravessar o rio, encaramos mais 15 km em estradas de terra, passando por diversas fazendas, comunidades e riachos, até chegar a Quepos, porta de entrada para o Parque Nacional Manuel Antônio, nosso destino final. Sair da estrada de terra para o asfalto nos fez parecer que estávamos flutuando. Mas pelo visual da chegada, quem sabe não estávamos mesmo?

Praia no Parque Nacional Manuel Antônio

Para mais informações sobre viagens de bicicleta na Costa Rica, visite o site da Costa Rica on a Bike (http://www.costaricaonabike.com/).