Em junho de 2010, o Pedala Manaus, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS), organizou a 2a. Pedalada Ambiental, um evento de grande sucesso que agradou a mais de 200 pessoas que participaram da pedalada.

Do Jardim Botânico ao Parque do Mindu
Quando falamos em meio ambiente e sustentabilidade estamos assumindo que estamos dispostos a adotar práticas que favoreçam a manutenção dos recursos naturais e de processos ecossistêmicos, prezando pela saúde de nossos filhos, netos, bisnetos e de todas as gerações futuras. E para o discurso ficar bonito, vejam só que legal, quem teve a alegria de iniciar o 2a. Pedalada Ambiental e conduzir a turma, foi a Bruna, de apenas 6 anos mas com muita sabedoria.

Largada da 2a. Pedalada Ambiental

Todos em frente ao Jardim Botânico, ponto de partida da 2a. Pedalada Ambiental… vejam que quem puxou a turma foi a Bruna, uma ciclista experiente com seus 6 anos de idade!

O percurso do passeio, com seus 16,5 km (talvez um pouquinho a mais) não assustou ninguém, principalmente porque quando seguimos pedalando paralalelamente ao igarapé, não subimos nem descemos muito, facilitando o deslocamento. Uma pessoa normal consegue fazer mais de 7 km em 30 minutos em terrenos planos. E foi essa a velocidade média de todos no passeio. Outra coisa boa foi que São Pedro estava tranquilo e mandou muito bem, deixando o Sol descansar e não fazendo questão de molhar ninguém.

O percurso do passeio seguiu pela bacia do igarapé do Mindu, por onde pudemos ver que existem áreas bastante degradadas, embora ainda existam algumas áreas bem preservadas que fazem parte do Corredor Ecológico do Igarapé do Mindu e ajudam a manter populações de animais em risco de extinção, como o Sauim-de-Coleira (Saguinus bicolor) que só existe em florestas no entorno de Manaus.


Este painel da SEMMAS fica localizado entre o Conjunto Petro e a Colônia Japonesa e traz informações sobre o Corredor Ecológico do Igarapé do Mindu

Durante o passeio, várias informações sobre os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte e sobre a importância de preservar as matas ciliares ao longo dos igarapés foram divulgadas para os ciclistas. Um ambiente saudável contribui para que as pessoas vivam com qualidade, por isso é tão necessário cuidar da natureza, e as vias de circulação e os igarapés são uma parte muito importante do meio ambiente urbano! A água é um recurso natural de grande importância para a saúde das pessoas, mas a boa qualidade dos igarapés depende da preservação das matas ciliares, que é aquela parte da floresta que fica nas margens, servindo para proteger os igarapés e manter as águas limpas e saudáveis.

Todos puderam participar da pedaladaSe a mata ciliar é destruída, os igarapés mudam rapidamente, a quantidade de luz que chega na água é muito maior sem a mata ciliar, o que causa uma grande produção de algas na água. Sem a mata ciliar, a água da chuva cai diretamente sobre o solo, levando lama e sedimentos direto pro canal dos igarapés. Essas mudanças afetam as condições dos igarapés, e aquela água que era transparente, agora vai ficar barrenta. A quantidade de oxigênio da água diminui muito e vários animais que viviam no igarapé não conseguem mais ficar ali. O igarapé fica destruído, todo lamacento, sem oxigênio. Assim, vários animais aquáticos não conseguem respirar por causa da falta de oxigênio e outros não conseguem obter alimentos, porque a água vai estar muito escura. Começam a sumir os insetos, que servem de alimento para os peixes e os peixes ficam sem alimento e sem oxigênio e também começam a desaparecer. Depois de um tempo, só alguns peixes muito resistentes, como o tamboatá e o bodó, é que conseguem ficar, como também sobrevivem alguns jacarés, verdadeiros heróis da resistência. Mas com todas essas mudanças, já não existe mais aquele igarapé que dava pra beber água e tomar banho, limpo e saudável. Agora que a gente sabe tudo isso, vamos cuidar melhor dos igarapés!!!

A bicicleta como meio de transporte
A bicicleta é considerada um meio de transporte sustentável, mas para estimular a adoção dela como alternativa na mobilidade urbana devemos prezar pela construção de CICLOVIAS e CICLOFAIXAS, fundamentais para garantir a segurança e o espaço para as bicicletas na cidade. Ciclovia é uma pista EXCLUSIVA destinada à circulação de bicicletas, SEPARADA FISICAMENTE do tráfego de automóveis. Ciclistas se deslocam em direção à Av. das TorresEla é um pouco diferente de uma CICLOFAIXA, que é uma parte da pista, UMA FAIXA, destinada à circulação de bicicletas, delimitada por SINALIZAÇÃO específica.

Em Manaus, podemos construir ciclovias próximas aos igarapés e conciliar a preservação das matas ciliares e da qualidade dos igarapés com a revitalização de áreas urbanas próximas às áreas verdes, como parques e fragmentos florestais. Cidades planejadas para as pessoas oferecem espaços públicos mais agradáveis para todos e com boas ideias é possível dar prioridade às pessoas, sejam pedestres ou ciclistas, e não aos automóveis! No Brasil, sabemos que poucos recursos foram investidos em infra-estrutura para a bicicleta nas cidades, mas a situação atual é muito oportuna. Todos temos a ganhar se houverem investimentos para melhorar as condições de circulação com bicicletas, transformando nossos espaços públicos, oferecendo uma grande infra-estrutura para o uso popular da bicicleta. Isso deve levar a um aumento no número de pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte. Quantas pessoas será que usam a bicicleta em Manaus? Segundo o Erildo, da Office Bike, existem MAIS DE 5.000 CICLISTAS EM MANAUS! E esse número deve aumentar muito se as condições melhorarem!!!

Um pouco sobre a Mesa-redonda
A conversa que aconteceu durante a mesa-redonda foi bastante interessante, com colocações pertinentes pelos presentes. A mensagem mais importante é que não adianta só criticar a prefeitura e a infraestrutura péssima que existe hoje em Manaus, temos que trabalhar junto com o governo para as mudanças acontecerem.

Mesa redonda no Parque do Mindu

Componentes da Mesa-redonda. Da esquerda pra direita, Octavio Nogueira (Idesam), Ricardo Braga-Neto (Idesam + INPA + Pedala Manaus), Alexandre Kemenes (Nilton Lins), Bruce Forsberg (INPA), Nildo Menezes (SEMMAS) e Durval Neto (Federação de Ciclismo Amazonense)

Um assunto recorrente foi a falta de infra-estrutura para estacionar as bicicletas nos parques urbanos. Estes estacionamentos são conhecidos como bicicletários e a prefeitura tem plenas condições de instalar um em cada parque, com vagas para pelo menos 100 bicicletas. Um caso incômodo envolve a impossibilidade de entrar de bicicleta no Parque Jefferson Peres. Hoje esse parque é administrado pelo estado, mas a prefeitura manifestou sua disposição em oferecer sua gestão para este parque, permitindo assim que pais e filhos possam passear em uma área verde bastante segura e próxima ao centro. A bicicleta deve integrar as pessoas, e com nosso esforço a cultura da bicicleta deve ser difundida com tranquilidade. A vontade da sociedade em pedalar é latente, precisamos apenas assoprar a brasa.

Outro assunto interessante, foi a sugestão de Samantha Esteves (Inpa) de montar uma campanha educativa para ensinar aos ciclistas como se comportar no trânsito, aprendendo a sinalizar e respeitar as leis de trânsito. Uma possibilidade seria fazer uma campanha educativa envolvendo também motoristas, informando a todos sobre direitos e deveres dos ciclistas e pedestres no Código de Trânsito Brasileiro. Por exemplo, está na lei que os pedestres e ciclistas têm PREFERÊNCIA sobre os automóveis!!! Segundo o Art. 170, se os motoristas dirigirem ameaçando os pedestres e ciclistas que estiverem atravessando a via pública isso é uma infração gravíssima, com multa e suspensão do direito de dirigir, podendo levar à retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação! Incrível! O Art. 201 diz que os automóveis devem manter uma DISTÂNCIA LATERAL de 1,5m ao passar ou ultrapassar bicicletas. Podem ser multados se não respeitarem essa lei. Além dessa distância lateral de 1,5m, os motoristas precisam REDUZIR A VELOCIDADE DO VEÍCULO de forma compatível com a segurança dos ciclistas para aproximadamente 40km/h quando estiverem ultrapassando as bicicletas. O Art. 220 diz que se os motoristas não cumprirem isso, é uma infração gravíssima, podendo ser multados! Precisamos informar a todos e depois cobrar o cumprimento da lei.

Sorteio de prêmios
Ao final de mesa-redonda fizemos um sorteio de brindes entre os inscritos. Foram sorteadas 4 bicicletas e vários acessórios, como capacetes, luzes de segurança, caramanholas, odômetro digital, luva e bomba de ar. Também foram distribuídos CD’s contendo uma versão eletrônica do livro sobre a biodiversidade da Reserva Ducke, onde o Jardim Botânico está inserido, assim como uma versão do Guia de Sapos e do Guia de Lagartos.

Os brindes sorteados e doados foram oferecidos pelo Inpa/PPBio, Office Bike, A Ciclista, Duas Rodas, Armazém Paraíba e bicicletas Prince. Foi muito legal porque haviam prêmios para quase todas as pessoas.

Agradecemos a todos os parceiros, Inpa, Idesam, MUSA, IMTT, SEMSA, Polícia Militar, Rede Amazônica, Espaço Cultural Muiraquitã, ULBRA, UEA, SOS Encontro das Águas e Federação de Ciclismo Amazonense e a todas as pessoas que fizeram o passeio um momento histórico para a cidade de Manaus!

Sorriam!

Veja as fotos do passeio! 1 2 3

Crédito das fotos – Nory Erazo, Flávia Pezzini, João Paulo Martins e Keyce Jhones