Os grupos de pedal vieram pra ficar e, mesmo sem saber, estão transformando Manaus em uma cidade melhor. 

Ninguém aqui duvida que a bicicleta é um instrumento que só conta pontos a favor, é acessível, faz bem a saúde, ao meio ambiente, ajuda na mobilidade urbana e transforma pessoas pela sua simplicidade. Fato!

Agora, porque é tão difícil incluir este modal no cotidiano das cidades mesmo com tantos benefícios? Há várias explicações, dentre uma delas, a de que a urbanização, o crescimento econômico e os interesses do capital renegaram a cultura da bicicleta, a cultura de movimentar-se e ocupar a cidade por outros meios, que não com carros.

Então é chegada a hora de resgatar essa cultura? Sim. É chegada a hora de trazer a bicicleta de volta ao seu lugar, ao cenário urbano e às ruas.

Segundo dados de 2010 do IPEA, Manaus possui quase 3% de sua população se locomovendo de bicicleta. São os heróis solitários, que por muitas vezes sequer são notados nas ruas, mas que, sem nem saber, estão anos luz à frente dos 97% restante da população, por se utilizar do instrumento secular mais moderno no mundo em termos de locomoção ativa e sustentável.

Além destes heróis, surgem na cena urbana àqueles grupos de pessoas com roupas coloridas, a maioria de capacete, parecendo um cardume piscante, cheios de animação e curtindo a cidade em cima de uma bicicleta. Esses são os grupos de pedal.

Não importa se o objeto é o treino ou o lazer, o que importa é a propagada e a mensagem extremamente positiva que levam às ruas.

O reflexo desse encontro feliz de pessoas em torno da bicicleta não se vê  só nas luzes piscantes de sinalização que usam. A energia de um grupo de ciclistas pedalando é tão contagiante que qualquer usuário das vias que se depare com um grupo, seja motorista, pedestre ou usuário do transporte público, podem, inclusive, passar a considerar a bicicleta como alternativa.

Mas não é só isso. A bicicleta, instrumento de união dessas pessoas, promove muito mais, seja individual ou coletivamente. Ela desperta nas pessoas o senso de união, de solidariedade, de amor ao próximo e ao que estar ao seu redor e juntos passam a desenvolver um sentimento nunca antes sentido, de carinho e de apego pela sua cidade.

Há casos de grupos que começaram apenas com objetivo de se divertir e hoje já promovem filantropia, organizam viagens de cicloturismo e participam de atividades que ajudam projetos sociais.

Já os passeios, em sua maioria, com hora e dia previamente marcados e com rotas pré-definidas, levam essas pessoas a locais que elas, por si ou por meio do seus veículos não iriam. Leva cada um a ir muito perto das belezas e também das malezas do seu local , vivendo a realidade e não somente vendo-a através das janelas de um carro. Ninguém tem dúvida que isso intensifica o vínculo e desperta uma consciência cidadã até então adormecida.

Como já dito pelo querido Therbio Felipe “Não podemos nos furtar de dizer que tais grupos são instrumentos para que a ciclocidadania alcance patamares mais altos a cada dia. Mais estruturas cicloviárias para trabalho e lazer estão, forçosamente e ainda a passos lentos, sendo implantadas pelo país, dada a presença cotidiana destes coletivos de ciclistas transformando a paisagem urbana como uma lufada de vento e exigindo melhorias. Se trata de um ativismo silencioso, pero no mucho”

Todos, sem exceção, querem viver numa cidade melhor, morar num lugar de paz, democrático, acessível a todos e feito para as pessoas e os grupos de pedal levam essa turma a enxergar uma realidade que ainda não é essa, mas que pode ser alcançada, se todos assim quiserem e lutarem por isso.

Então, pedale. Pedale mais. Pedale sempre!