Nos dias 13 a 16 de fevereiro de 2014, aconteceu em Curitiba o III Fórum Mundial da Bicicleta com o tema “A Cidade em Equilíbrio”. Foram quatro dias de intensa atividade com aprendizado, troca de experiência, encontros, novas amizades, emoções e pedaladas. Experimentamos sentimentos desconhecidos ao nos deslocarmos entre os locais das oficinas, palestras e painéis oferecidos. Usamos vias acalmadas e, mesmo quando não, os motoristas nos respeitavam. Compartilhamos calçadas largas com pedestres. Vale ressaltar que toda a organização do evento foi esplendida quanto aos assuntos abordados e locais escolhidos para realização.
Logo no primeiro dia, dentre a extensa programação, o Pedala Manaus apresentou seu projeto Transversalizando o Trânsito, apresentado pelo Paulo Aguiar. No tema Planejamento de sistemas de bicicletas compartilhadas, o Rodrigo Vitório da Transporte Ativo falou sobre a bicicleta pública, compartilhada e alugada. O ciclo do dia encerrou com Painel de Abertura no Teatro da Reitoria da UFPR onde participantes ilustres interagiram com uma dinâmica e depois falaram de mobilidade, bicicleta, o fórum em si e Curitiba. Também presenciamos um momento protesto uns estudantes em relação ao passe livre enquanto o Prefeito de Curitiba Gustavo Fruet tentava se pronunciar.
Na sexta, o tema abordado pela Victória de Sá “Planejamento e Implementação de Políticas Públicas de Mobilidade” nos muniu de informações para mover uma ação pública com mandado de segurança contra o poder que não estiver cumprindo a lei da mobilidade. No painel “Bicicletas e mais além: o amadurecimento do movimento no Brasil e EUA, encantamo- nos com as imagens da Mona Caron de São Francisco que pinta e desenha ideias de mudanças de áreas urbanas e a bicicleta está introduzida na sua arte, ela se considera uma anarquista porque acredita na mudança de baixo para cima e não somente no que é imposto de cima para baixo. Elly Blue, fala da mulher e a bicliceta de ontem e hoje e todas as dificuldades que enfrentam.
O ponto alto da emoção do dia foi o painel “O vibrante desafio das bicicletas: um convite irresistível” onde todos fomos inundados pela onda do amor à bike diante dos discursos de Chris Carlsson de São Francisco, Odir Zuge Junior de São Paulo e Renata Falzoni encerrou levando todos a derramar lágrimas de emoção. Ainda tivemos a Bicicletada que foi uma experiência única diante da chuva fina que caía junto o ventinho frio e emocionante ao cantarem alguns trechos das composições do Plá.
Sábado, o tema “como propor a Lei da bicicleta na sua cidade” foi dinâmico e explicativo sobre os direitos que o cidadão tem de criar leis por iniciativa popular usando o exemplo de Curitiba.
O painel Economia fundamentou respostas para aqueles que ainda estão implantando ciclovias em suas cidades e o maior questionamento do comércio local durante esse processo é que os ciclistas não compram tanto quanto os motoristas, pelo contrário, os ciclistas apoiam o comércio local.
Zé Lobo nos apresentou como foi o longo processo de conquista das ciclovias do Rio de Janeiro. Desde a busca dos ciclistas para criar as rotas mais usadas pelos mesmos, workshops orientando e formando pessoas para todo esse processo, contagens de ciclistas, registro fotográficos, estudo de dimensionamento de vias devido circulação de triciclos, levantamento de locais para bicicletários. Ainda lembrou que é preciso estar atento às oportunidades, o projeto Ciclo Rotas Centro iniciou devido as obras para a Copa no RJ, mas a experiência para realização de todo esse projeto vem de mais de 10 anos.
No painel “Urbanismo”, que nos fez conhecer o Museu Oscar Niemeyer, tivemos vários exemplos da mudança que a bicicleta proporcionou nas cidades de Kiel na Alemanha, Copenhagem na Dinamarca, Rio de Janeiro e Medelin na Colômbia. Contudo, vimos que uma ciclovia é cinco vezes mais eficiente que uma auto estrada e andar de bicicleta pode até ser perigoso em algumas circunstancias, mas se torna cada vez mais seguro quanto mais as pessoas usarem a bicicleta como meio de transporte.
Foi uma oportunidade ímpar ouvir e aprender com aqueles que são referência em mobilidade urbana e cicloativismo e que se preocupam com o bem estar de todos, com a qualidade de vida da população mundial e, além disso, possuem algo mais em comum: são pessoas sonhadoras que decidiram sair da sua zona de conforto dedicando o seu tempo, utilizando seu conhecimento e despendendo muita energia para que as mudanças ocorram.
Como se tudo isso não fosse suficiente, ainda fomos instigados a nos candidatar para organizar o IV FMB. Das cinco cidades candidatas, a decisão final ficou entre Manaus e Medelin na Colômbia, mas Medelin venceu por uma diferença de 11 votos sendo merecedora da vitória também, afinal já tem uma grande bagagem no avanço da melhoria da mobilidade urbana.
Em nossos corações restou o sentimento de enorme gratidão ao III Fórum Mundial de Bicicletas e à cidade de Curitiba, por tudo o que foi vivido nesses emocionantes dias. Em nossas mentes uma certeza: estamos apenas começando, temos muito a fazer, mas disposição não nos falta e estamos no caminho certo.